As cartas me escrevem.

Depois das respostas de vocês até aqui, até aquela décima-segunda carta escrita por mim, poderia já me despedir desta ideia – porque gosto mesmo é do imperfeito, do inacabado (alguém pegou essa referência?).

Olho para o Cartas que Chegam e penso: o que mais falta? Se estas respostas de vocês ainda não são o suficiente para entender que minha tese está comprovada, sim, ainda existe poesia e amor demais dentro de nós, apesar do que a vida, a internet e a vida na internet persistem em nos mostrar, nada mais poderá ser suficiente.
Recebi áudios de amor de amigas e amigos que há tanto tempo não abraço. Recebi palavras gentis e cuidados de pessoas que nunca abracei. Recebi risadas e choros. Recebi propostas e convites para fazer junto – das coisas que mais gosto de fazer e ser, mas que agora preciso negar para sobreviver. Recebi emails de pessoas que acreditavam que eu não iria ler, quanto mais responder. Recebi emails de pessoas que sabiam que eu iria responder a qualquer custo, ainda que não tenham sido as melhores palavras que recebi. Até aqui, a minha tese segue viva em nós: há poesia e amor demais dentro de nós.
Isso me leva, finalmente, ao segundo passo neste projeto Cartas que Chegam. Abrir o primeiro espaço para o diálogo entre vocês. E a maneira financeiramente acessível e relativamente simples que encontrei foi essa aqui. Um blog. Com uma área de comentários onde vocês podem se identificar, falar, trocar. E que não elimina os outros pedidos que faço: mandem áudios, respondam aos emails, sejam voz e gesto e palavra neste espaço.
Esta será a primeira vez que poderemos, quem sabe, saber um dos outros, umas das outras. E saibam que desejo que seja apenas o primeiro passo. Dentro de mim e desta ideia inacabada que tenho gostado cada dia mais, segue firme a vontade de que sejamos trocadores de poesia e amor. Acredito que isto me escreve, me diz quem sou.

Pedro Barros Fonseca

pedro fonseca

pai de João, Irene, Teresa e Joaquim.

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