Quase que esta carta não chega.

Estou travando uma luta interna interna intensa com a internet e os impactos infindáveis sobre nossas saúdes – mental, emocional, corporal, social. Luta e relutância. Eis que esta semana, já depois de parar de divulgar o link para que seus emails chegassem a mim, encontro na porta da escola das crianças duas mulheres que admiro e uma delas pergunta por que decidi sair do Instagram, limpar meu perfil, mudar o arroba. Não vou tomar o tempo de vocês, digo apenas que foi libertador fazer isso e tem sido uma alegria não acessar a plataforma.

E agora sei que apesar das lutas e relutâncias, esta – que ainda não é uma carta (talvez uma partilha importante e necessária para mim) – chegou a você.

Escrever cartas sempre foi a parte que mais gosto do meu ofício. Me dá prazer soprar palavras e perdê-las de vista para que o vento leve sem que eu tenha qualquer controle sobre isso. Foi assim com o blog e depois livro, Língua do P.; com a página no Facebook e depois coluna na Elle, Loja de Histórias; o blog e depois do livro, Do Seu Pai; foi com cartas que criei o Coletivo Temporário; o projeto Te Dou Minha Palavra; foi numa carta que escrevi a Lua que imaginei o que seria uma rede chamada Amparo; foram cartas que pretendi escrever quando me dirigi ao Instagram para deixar algo de mim.

A carta sou eu no vento.

E para quem tem tanta dificuldade de tirar os pés da terra, porque tudo parece perder o eixo, ir no vento simboliza um desafio que só agora percebo o quão importante é. Passei os últimos cinco anos num casulo que talvez eu conte aqui, em algum momento. E agora sinto o sopro de um deslocamento importante na minha existência.

Fico imensamente feliz que quinhentas pessoas tenham visto meus avisos sobre esse espaço aqui. Agradeço a cada uma e cada um de vocês por estarem aqui. Vou explicar aos poucos o que pretendo fazer com essas Cartas que Chegam.

Por hoje, o que digo é: obrigado.

Meu abraço,
Pedro Barros Fonseca

pedro fonseca

pai de João, Irene, Teresa e Joaquim.

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Conseguir escrever é o de menos.